Muitos são aqueles que passam diariamente ou já passaram pela monumental Rotunda da Boavista sem reconhecer quem são autores do imponente Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular. O majestoso monumento em pleno centro do jardim da Praça de Mouzinho de Albuquerque, teve a sua autoria no arquitecto Marques da Silva e o escultor Alves de Sousa. A construção do monumento foi iniciada em 1909, mas apenas foi concluída em 1951, altura em que por morte do escultor Alves de Sousa, a direcção da obra viria a ser efectuada pelos escultores Henrique Moreira e Sousa Caldas.
Apesar de relativamente desconhecido, o escultor Alves de Sousa é um dos grandes nomes da Escultura Nacional e um dos filhos mais brilhantes da Escola Gaiense. Não obstante de todo o seu talento, pouco se sabe sobre a vida do escultor, o que em parte se deve à sua morte prematura. Filho de uma família humilde, António Alves de Sousa nasceu em Vilar de Andorinho a 9 de Janeiro de 1884.
Depois da instrução primária acredita-se que terá frequentado a Escola da Fábrica das Devesas, em Vila Nova de Gaia, onde o seu pai trabalhava como pedreiro. Na Escola da Fábrica teve oportunidade de aprender com um dos maiores escultores da época, Teixeira Lopes (Pai).
Com apenas 13 anos entra para a Academia de Belas Artes do Porto (actual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto) matriculando-se em Desenho Histórico e ainda no curso de Escultura. Acredita-se ainda que na sua permanência em Belas Artes terá frequentado o atelier do mestre Teixeira Lopes (hoje reconvertido na Casa Museu Teixeira Lopes e Galerias Diogo de Macedo), onde executava trabalhos próprios e colaborava ainda noutros provenientes de encomendas de clientes de Teixeira Lopes.
Em 1907 concorre a uma bolsa do Estado para estudar em Paris, mas acaba por perder contra o seu companheiro de atelier e de curso, José d'Oliveira Ferreira. Porém no ano seguinte, volta a candidatar-se e consegue a bolsa batendo Rudolfo Pinto do Couto.
É em França que Alves de Sonsa executa as figuras do Monumentos aos Heróis da Guerra Peninsular, construindo ainda a maqueta com as escalas e desenhos enviados pelo companheiro Marques da Silva. Em 1915 o escultor Alves de Sousa e o arquitecto Marques da Silva uniram ainda esforços noutro concurso emblemático, o concurso para o monumento dedicado ao Marquês de Pombal em Lisboa. O monumento existente é da autoria do escultor Francisco dos Santos, mas o público e os especialistas em Arte da época preferiam o trabalho apresentado por Alves de Sousa e Marques da Silva. A decisão do júri em optar pelo trabalho de Francisco dos Santos gerou grande controvérsia na época, tendo mesmo sido discutida no Parlamento.
Ainda em Paris o escultor tem dois filhos da francesa Germaine Marie Victoire Lechartier, (uma menina, Hidrá, e um menino, Caius), porém em 1918 acaba por perder Germaine devido à Gripe Espanhola. Presume-se que tenha voltado a Portugal nesse mesmo ano com os seus dois filhos.
Alves de Sousa falece precocemente em Vilar de Andorinho a 5 de Março de 1922, com apenas 38 anos e sem ver o seu Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular terminado.
Apesar da morte prematura, ter de certo modo arrastado o escultor para um injusto esquecimento parte do seu legado continua vivo. E hoje além do Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular podemos por exemplo visitar na Faculdade de Belas Artes do Porto o imponente Orfeu de 1911.
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