quarta-feira, dezembro 02, 2009

Gente da Minha Terra #1 – Escultor Alves de Sousa





Muitos são aqueles que passam diariamente ou já passaram pela monumental Rotunda da Boavista sem reconhecer quem são autores do imponente Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular. O majestoso monumento em pleno centro do jardim da Praça de Mouzinho de Albuquerque, teve a sua autoria no arquitecto Marques da Silva e o escultor Alves de Sousa. A construção do monumento foi iniciada em 1909, mas apenas foi concluída em 1951, altura em que por morte do escultor Alves de Sousa, a direcção da obra viria a ser efectuada pelos escultores Henrique Moreira e Sousa Caldas.



Apesar de relativamente desconhecido, o escultor Alves de Sousa é um dos grandes nomes da Escultura Nacional e um dos filhos mais brilhantes da Escola Gaiense. Não obstante de todo o seu talento, pouco se sabe sobre a vida do escultor, o que em parte se deve à sua morte prematura. Filho de uma família humilde, António Alves de Sousa nasceu em Vilar de Andorinho a 9 de Janeiro de 1884.
Depois da instrução primária acredita-se que terá frequentado a Escola da Fábrica das Devesas, em Vila Nova de Gaia, onde o seu pai trabalhava como pedreiro. Na Escola da Fábrica teve oportunidade de aprender com um dos maiores escultores da época, Teixeira Lopes (Pai).
Com apenas 13 anos entra para a Academia de Belas Artes do Porto  (actual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto) matriculando-se em Desenho Histórico e ainda no curso de Escultura. Acredita-se ainda que na sua permanência em Belas Artes terá frequentado o atelier do mestre Teixeira Lopes (hoje reconvertido na Casa Museu Teixeira Lopes e Galerias Diogo de Macedo), onde executava trabalhos próprios e colaborava ainda noutros provenientes de encomendas de clientes de Teixeira Lopes.
Em 1907 concorre a uma bolsa do Estado para estudar em Paris, mas acaba por perder contra o seu companheiro de atelier e de curso,  José d'Oliveira Ferreira. Porém no ano seguinte, volta a candidatar-se e consegue a bolsa batendo Rudolfo Pinto do Couto.
É em França que Alves de Sonsa executa as figuras do Monumentos aos Heróis da Guerra Peninsular, construindo ainda a maqueta com as escalas e desenhos enviados pelo companheiro Marques da Silva. Em 1915 o escultor Alves de Sousa e o arquitecto Marques da Silva uniram ainda esforços noutro concurso emblemático, o concurso para o monumento dedicado ao Marquês de Pombal em Lisboa. O monumento existente é da autoria do escultor Francisco dos Santos, mas o público e os especialistas em Arte da época preferiam o trabalho apresentado por Alves de Sousa e Marques da Silva. A decisão do júri em optar pelo trabalho de Francisco dos Santos gerou grande controvérsia na época, tendo mesmo sido discutida no Parlamento.
Ainda em Paris o escultor tem dois filhos da francesa Germaine Marie Victoire Lechartier, (uma menina, Hidrá, e um menino, Caius), porém em 1918 acaba por perder Germaine devido à Gripe Espanhola. Presume-se que tenha voltado a Portugal nesse mesmo ano com os seus dois filhos.
Alves de Sousa falece precocemente em Vilar de Andorinho a 5 de Março de 1922, com apenas 38 anos e sem ver o seu Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular terminado.





Apesar da morte prematura, ter de certo modo arrastado o escultor para um injusto esquecimento parte do seu legado continua vivo. E hoje além do Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular podemos por exemplo visitar na Faculdade de Belas Artes do Porto o imponente Orfeu de 1911.



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