sexta-feira, dezembro 11, 2009

Roteiro Cultural #2 – Igreja Matriz




Numa pesquisa sobre Vilar de Andorinho no afamado livro “Portugal Antigo e Moderno” do já longínquo ano de 1886, encontrei algumas referências à Igreja Matriz de Vilar de Andorinho.
Pinho Leal afirma no seu livro que, segundo a tradição, a antiquíssima capela de S. Lourenço terá sido a primeira matriz da paróquia de Vilar de Andorinho. O autor atesta que é por esse motivo a primeira ladainha “que nas sextas-feiras da Quaresma sai da actual matriz, dirige-se à capela de S. Lourenço” (confesso que não sei se ainda hoje essa tradição se mantém).
Outro dado curioso sobre a capela prende-se com inscrição sobre a porta principal, que diz o seguinte: “Esta capela pertence a Vilar de Andorinho”. Isto ficará a dever-se ao facto de na época existir em S- Lourenço propriedades que administrativamente não pertenciam a Vilar de Andorinho mas sim a Pedroso (por opção dos proprietários).





Mais tarde a matriz foi transferida da aldeia de S. Lourenço para a de Vilar, porém ainda não se encontrava na sua morada actual mas sim “no local onde ainda hoje se vê a residência paroquial” (mais uma vez confesso que não descobri se a residência paroquial de que fala Pinho Leal em 1886 é a que ainda hoje existe).
Porém, e segundo Pinho Leal, resultado das más condições do templo resolveram fazer outra igreja mais ampla, num local um pouco distante da residência paroquial… a sua actual morada! Mesmo na obra de Pinho Leal não existe uma data certa para a construção da Igreja Matriz, supondo-se que tenha sido construída no século XVI. Contudo na torre consta a data de 1797.
Segundo o “Portugal Antigo e Moderno” a igreja “mede interiormente 25 palmos de largura e 127 de comprimento – tem altar-mor e 4 laterais com bons retábulos de talha dourada – coro, órgão e torre com três belos sinos e relógio.”
“No alto do trono tem um crucifixo do Salvador, titular desta igreja, e aos lados imagens de S. Bento, Santa Catarina e Santa clara, sendo de boa escultura esta última.”
Na obra de Pinho Leal existe ainda uma descrição quer da capela-mor como dos diversos altares laterais, onde frisa informações como a existência de Confrarias ligadas a determinados Santos e a respectiva data das festas e romarias. Por exemplo, a confraria mais antiga mencionada é a do Menino Jesus que terá sido eleita em 1707, mas na época contaria já com um limitado número de membros, uma vez que estes eram obrigados a pagar anualmente meio alqueire de mil, cada um.
Tanto a actual Igreja Matriz como a capela de S. Lourenço merecem sem dúvida uma visita, não apenas por motivos religiosos, mas também por toda a riqueza histórica, cultural e artística que guardam. Termino com uma última curiosidade: reparem na numeração existente no relógio da torre da Igreja Matriz e descubram o que existe de errado. Não sei se foi propositado ou não mas não deixa de ser curioso!

Para mais informações consultem: “Portugal Antigo e Moderno” de Pinho Leal, disponível na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia.

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