quarta-feira, dezembro 16, 2009

Gente da Minha Terra #2 – Mestre Manuel António de Sousa




Ao longo dos séculos muitos foram aqueles que admiraram e continuam a admirar a obra-prima de Nasoni. Para muitos um dos principais ex-líbris da cidade do Porto, a Igreja e Torre dos Clérigos são no mínimo um dos mais emblemáticos postais turísticos da sua cidade. E mesmo sem conhecer o esforço necessário a uma obra de tal envergadura não é possível ficar indiferente àquela Torre que no alto dos seus 75 metros é a maior Torre de Portugal.
Muitos foram os obstáculos que colocaram em causa o avanço da Igreja e da sua Torre, mas cedo a Igreja e Torre dos Clérigos começaram a recolher um merecido respeito. Já em 1910 a Igreja e Torre foram classificadas pelo IPPAR como Monumento Nacional, e em 1996 uma vez que se encontram em pleno Centro Histórico do Porto tornaram-se Património Cultural da Humanidade.
Nasoni projectou toda a obra e mérito lhe seja dado por num terreno tão acentuado ter demonstrado uma sublime capacidade arquitectónica (sobretudo do ponto de vista estrutural), sem deixar de embelezar a sua obra com toda a riqueza do estilo Barroco. Porém, não podemos esquecer os mestres pedreiros que levaram efectivamente a obra ao que hoje conhecemos.
Depois de aberto o concurso para a construção da Igreja, a empreitada foi adjudicada por 32.000 cruzados ao mestre António Pereira. No dia 2 de Junho de 1732 com pompa e circunstância foi então lançada a primeira pedra da Igreja.
Nasoni muito zeloso do seu projecto não deixou de acompanhar de perto o avanço dos trabalhos, anotando várias deficiências. A dada altura um grupo de peritos depois de fiscalizar a obra alertou de imediato os responsáveis sobre a fragilidade das paredes, garantindo que mantendo-se os mesmo critérios a obra não teria um bom fim.

É assim que logo depois da peritagem o mestre António Pereira desiste do projecto, passando o mesmo para as mãos do mestre Miguel Francisco. Porém o segundo mestre também não esteve à altura das responsabilidades e acabou por se afastar (ou ser afastado). É assim que entra em cena o mestre Manuel António de Sousa, natural de Vilar de Andorinho (presume-se que tenha nascido em S. Lourenço).
O mestre Manuel António de Sousa assume o projecto com a condição de começar tudo de novo. E é mesmo o mestre oriundo de Vilar de Andorinho que consegue concluir a Igreja com o pleno agrado dos responsáveis. Os responsáveis do projecto, em especial Nasoni, não tiveram dúvidas em reconhecer o mérito de Manuel António de Sousa entregando-lhe também a construção da Torre que se situaria nas traseiras da Igreja. Manuel António de Sousa voltou a aceitar a responsabilidade e respondeu com toda a categoria e competência que a obra exigia, terminando-a em 1759, apenas quatro anos depois do seu início.





Assim, da próxima vez que subirem a Rua dos Clérigos ou simplesmente vislumbrarem ao longe a imponente Torre do Clérigo… recordem que foi um vilarense que deu “vida” àquele monumento de 75 metros de altura.

Muito mais gostaria de contar sobre o mestre Manuel António de Sousa, mas a verdade é que o seu nome parece tem sido varrido da História. Em vários documentos e sites sobre a Igreja e Torre dos Clérigos o seu nome não consta, ao contrário dos dois mestre que o antecederam. É realmente curioso que assim seja…

Para mais informações consulte:
“Monografia de Vilar de Andorinho” de Joaquim Costa Gomes

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