segunda-feira, dezembro 21, 2009

Gente da Minha Terra #3 – Padre Floro

Aqui fica um texto de Hugo Vasconcelos sobre uma das principais figuras de Vilar de Andorinho.

Padre Floro, um pároco na memória colectiva Vilarense.

No jardim frente à nossa Igreja Matriz, ergue-se o busto do Padre Floro Dias Alves. Corria o ano de 1967, quando o então pároco, o excelente pregador Pd. Faria, deixa a nossa Paróquia para ir apascentar a de Cedofeita. D. Florentino, Administrador Apostólico da Diocese do Porto, na ausência do seu Bispo, D. António Ferreira Gomes, exilado por motivos políticos, nomeia para Vilar de Andorinho o Pd Floro que, desde 1962, era pároco de Candemil e Anciães, em Amarante.
Curiosamente, fora também coadjutor daquele que, anos mais tarde, será Bispo de Setúbal, D. Manuel da Silva Martins. Pd Floro chegou no dia 19/11/1967 e toma conta dos destinos da nossa Paróquia. Com a Igreja Matriz cheia, diz as primeiras palavras a um povo profundamente crente e devoto. Com o passar dos anos, a Igreja e as Capelas continuaram cheias até ao seu último alento.
O nosso povo foi sempre muito acolhedor dos seus párocos. Foi o povo quem ergueu a Casa Paroquial e a Capela de Balteiro à custa de memoráveis cortejos e bailaricos. Pd Floro fez profundas obras nas Capelas de S.Lourenço, Nª Srª da Paz e na Igreja Matriz. Foi um lutador pela melhoria das condições físicas dos edifícios, mas sem esquecer “que a missão do Sacerdote não é só construir capelas, mas a Igreja de Jesus Cristo, feita de pedras vivas”. A nova Capela da Sagrada Família, em Vila D’Este, que o nosso querido Pd Albino Reis agora ressuscitou, foi também visão sua. Pd Floro nasceu a 11/12/1936, na freguesia de Vila Maior, no Concelho da Feira, e partiu para junto d’Aquele de quem toda a vida foi mensageiro a 3/3/1999, após 32 anos de serviço na Paróquia.
Nessa manhã, chegou a notícia que abalou toda a Freguesia. O Pd Floro morreu! As águas da fonte do Souto pararam, estupefactas, incrédulas. A doença que o minava acabou por lancetar-lhe a vida, apesar da vontade íntima de a vencer.
Do Pd Floro recordamos o à vontade e a simplicidade com que acolhia os paroquianos. Dava-se a todos, para ele todos eram iguais, pois todos eram filhos de Deus. E foi esta doutrina, esta franqueza de portas abertas à comunidade que o transformaram num filho amado desta terra, mesmo que desta não tenha brotado.
Na minha memória, retenho as suas visitas à Escola Primária: formava-se uma roda em seu torno e cantávamos. Contava-nos histórias e, por momentos, aquele homem, vestido com uma roupa pesada e escura, afinal era um nosso “colega”, com quem podíamos brincar ou saltar à fogueira nos magustos…
As pedras de que falava estão vivas, com um misto de saudade e de alegria: saudade do homem do povo, sabedor das suas misérias e venturas, e alegria por termos a certeza que, onde agora está, certamente rezará por todos nós.

Hugo Vasconcelos

“...Não chores, Se verdadeiramente me amas!”

In http://www.vilarandorinho.net/PDF/Boletim_2008.pdf

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